ideias interessantes





Em 1975, Nicholas Nixon começou a fotografar a sua mulher e as suas três irmãs. A partir daí (e até hoje) continuou a fotografá-las todos os anos, sempre em grupo e na mesma ordem (...) Em cada imagem muda o cenário, mas a regularidade da ordem do grupo permite que a passagem do tempo e a subtil mudança nas relações entre as quatro retratadas seja o efectivo motivo da imagem. Existe uma qualidade trágica nesta série de fotografias que advém da apresentação inexorável passagem do tempo, do crescente protagonismo das rugas, do cabelo grisalho, do envelhecimento. Mas existe ainda um carácter mais intenso no que as imagens não podem fornecer senão nos seus sinais: o que se passou no intervalo entre as imagens? A fotografia, na sua qualidade documental e sistemática, nunca é sobre o que está naquela imagem, mas sobre o espaço que medeia entre essa imagem e uma outra, que lhe está ao lado, ou mesmo uma outra que lhe falta ao lado. Assim, qualquer conjunto de imagens constrói uma narrativa invisível sobre o espaço entre as imagens, sobre o fluxo de tempo que se condensa no que é invisível.
A fotografia é, portanto, também sobre a invisibilidade.

Heather, Mimi, Bebe e Laurie, ou o espaço entre duas imagens
Delfim Sardo, em Revista Única (Expresso)

Curiosamente, em 2007, sem conhecer o trabalho de Nicholas Nixon iniciei um projecto muito semelhante a este. Por só ter tido início em 2007 só existem ainda dois registos fotográficos, mas as diferenças e as histórias já são muitas. Um dia partilho aqui.

3 comentários:

  1. Gosto muito desse efeito Long Time Stop-Motion :P

    Bom fim-de-semana ;)

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  2. :) saudades de ti
    de te ter por perto (pela net)
    e uma enorme curiosidade boa de te ter ao vivo :)

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  3. Curioso, há sempre uma (sempre a mesma) que se destaca.

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